Meios de produção e força
de trabalho
Para entendermos o
capitalismo atual, vamos analisar as condições de produção na Europa do século
XVI e as transformações que ocorreram no trabalho humano, o qual levou as
formas de produção a se transformarem profundamente.
Analisaremos as
transformações em linhas gerais, naquilo que foi essencial. Mas, antes, vamos
estabelecer alguns conceitos fundamentais.
Em qualquer época
histórica, desde os primórdios até os dias atuais, para que ocorra trabalho, ou
seja, a ação consciente humana sobre a natureza, com um objetivo específico, há
a necessidade sempre de se combinar meios de produção: matéria-prima, o objeto
que se vai transformar; ferramentas, que auxiliam na ação adequada sobre o
objeto, materiais acessórios, um local, por exemplo, para manusear os objetos,
bem como protegê-los e, fundamentalmente, a capacidade de trabalho ou força de
trabalho, que é o conhecimento humano aplicado na prática, de forma
consciente.
Essa capacidade de
trabalho é física e mental (intelectual), estruturada na personalidade do
indivíduo. Portanto, depende do indivíduo estar vivo, mas, principalmente, vivo
culturalmente, ou seja, essa capacidade é aprendida em sociedade, assim como o
filhote de chimpanzé aprende com sua mãe a quebrar nozes, depois de muita
tentativa frustrada, copiando os movimentos dela.
Se nascer em um grupo que
não "aprendeu" a usar as ferramentas adequadas, não terá essa
habilidade, apesar de ter a capacidade de usá-las, intrínseca à sua estrutura
física e mental.
CARLOS BURKE
ENSAIO SOBRE
O CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO
Uma
abordagem marxiana