Mas isso não significa que a regulação por mercados possa ser inteiramente abandonada. Precisamos de mercados porque é a forma de interação que conhecemos, que permite manter as diversas burocracias separadas, evitando que um poder total se aposse da economia.
O objetivo da economia socialista (sem aspas) é certamente satisfazer da melhor maneira as necessidades e preferências dos consumidores, mas não só. Nele se inclui também a desalienação do trabalhador, o que implica superar a hierarquia nas empresas e a desinformação acarretada pela divisão do trabalho.
Numa economia socialista, trabalhadores e consumidores devem ser livres, o que implica poder de escolha e possibilidade de participação – direta ou indireta – nos centros de decisão sobre o destino da economia.
O modo de regulação geral, de caráter democrático e participativo, poderá ter a forma de um parlamento econômico, com seus membros eleitos por partidos políticos ou corporações setoriais (por ramo de produção, profissão etc.).
Sua missão seria elaborar políticas fiscais e de crédito que permitissem arbitrar entre demandas competitivas por “financiamento”, isto é, pelos frutos do trabalho social futuro.
Além disso, esse corpo deliberativo deveria almejar a produção de conhecimentos que permitissem tornar os projetos por detrás de cada demanda mais transparentes e as projeções do futuro em que se baseiam mais consistentes.
Em outras palavras, a economia socialista tem de evitar a subestimação do custo real, em recursos e tempo, dos projetos de investimento, para poder submetê-los a uma arbitragem racional.
[1] Paul Singer e João Machado, Série Socialismo em discussão, ECONOMIA SOCIALISTA, EDITORA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 1a edição: junho de 2000, São Paulo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário