A primeira inovação que abre a série é a lançadeira volante (flys h u t t l e) , inventada em 1733 por John Kay. Até então a lançadeira tinha de ser passada pelo tecelão de uma mão a outra, o que limitava a largura do tecido ao comprimento dos braços do trabalhador.
Kay fixou rodinhas na lançadeira e a colocou numa espécie de ranhura de madeira. A lançadeira volante podia ser jogada automaticamente de um lado ao outro, o que possibilitava a fabricação de tecidos de qualquer largura e com maior produtividade.
Exatamente por aumentar a produtividade, a invenção foi hostilizada pelos tecelões, que acusaram Kay de privá−los do seu pão de cada dia. Ele tentou licenciar sua patente em vários lugares, sendo bem recebida pelos manufatureiros, mas que resistiam em pagar−lhe os devidos r o y a l t i e s .
Litígios jurídicos seguidos acabaram arruinando o inventor. Além disso, os trabalhadores prejudicados não deixavam de atacá−lo. Em Bury; em 1753, a multidão arrombou e saqueou sua casa. Kay teve de fugir para Manchestei, que ele teria deixado escondido num saco de lã. Apesar de tudo, o uso da lançadeira volante se generalizou. Em 1767, registrou−se violento conflito entre "tecelões estreitos" e "tecelões de máquina" (Mantoux, 1927, p. 208).
O temor dos tecelões tinha razão de ser, pois o tear provido de lançadeira volante aumentou de tal modo a sua produtividade, que passou a haver falta de fio para tecer. O equilíbrio entre fiação e tecelagem fora rompido, com o ritmo de produção da primeira, sendo insuficiente para garantir o pleno emprego na última. Parte dos tecelões ficou sem trabalho.
Além disso, o preço do fio subiu como resultado da insuficiência da oferta. Como o tecelão recebia a matéria−prima do mercador e pagava a fiação, recebendo uma paga total pela manufatura, o que ele desembolsava a mais era subtraído de sua própria remuneração. Em outras palavras, o aumento da produtividade da tecelagem transferiu valor à fiação, cuja produtividade não fora afetada.
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