sexta-feira, 20 de setembro de 2019


Meios de produção e força de trabalho

Para entendermos o capitalismo atual, vamos analisar as condições de produção na Europa do século XVI e as transformações que ocorreram no trabalho humano, o qual levou as formas de produção a se transformarem profundamente.

Analisaremos as transformações em linhas gerais, naquilo que foi essencial. Mas, antes, vamos estabelecer alguns conceitos fundamentais. 

Em qualquer época histórica, desde os primórdios até os dias atuais, para que ocorra trabalho, ou seja, a ação consciente humana sobre a natureza, com um objetivo específico, há a necessidade sempre de se combinar meios de produção: matéria-prima, o objeto que se vai transformar; ferramentas, que auxiliam na ação adequada sobre o objeto, materiais acessórios, um local, por exemplo, para manusear os objetos, bem como protegê-los e, fundamentalmente, a capacidade de trabalho ou força de trabalho, que é o conhecimento humano aplicado na prática, de forma consciente. 

Essa capacidade de trabalho é física e mental (intelectual), estruturada na personalidade do indivíduo. Portanto, depende do indivíduo estar vivo, mas, principalmente, vivo culturalmente, ou seja, essa capacidade é aprendida em sociedade, assim como o filhote de chimpanzé aprende com sua mãe a quebrar nozes, depois de muita tentativa frustrada, copiando os movimentos dela.

Se nascer em um grupo que não "aprendeu" a usar as ferramentas adequadas, não terá essa habilidade, apesar de ter a capacidade de usá-las, intrínseca à sua estrutura física e mental. 

CARLOS BURKE

ENSAIO SOBRE O CAPITALISMO CONTEMPORÂNEO

Uma abordagem marxiana