Ao largo da história, os
brasileiros, de modo geral, tiveram sempre uma percepção bastante negativa dos
Estados Unidos. Em 1817, quando o Brasil ainda era Reino Unido a Portugal,
houve uma insurreição, animada em grande medida por comerciantes americanos,
visando a implantar uma república na província de Pernambuco, ou seja, para
"introduzir no Brasil o plano de Washington" (1), e não foi só
pretensão, sem fundamento e implausível. A sedição realmente tinha conexões com
os EUA.
O comerciante norte-americano Joseph Bryan,
comerciante em Recife, capital de Pernambuco, participou de fato da
conspiração, juntamente com seu sócio, Joseph Ray, que vivia na Filadélfia, e
pouco depois do levante, dia 28 de março de 1817, partiu a bordo do navio
norte-americano "Gipsy", levando Antonio Gonçalves da Cruz, apelido
"Cabugá", com a missão de fazer uma aliança com os Estados Unidos,
mesmo sem o reconhecimento do governo revolucionário, e para comprar armas e
munição de boca. (2) Em Washington, Cabugá teve encontros com Cæsar Rodney,
"confidente de gabinete", com o presidente do Banco dos Estados
Unidos, William Jones, e com o Secretário de Estado, Richard Rush, que não só
reconheceu tacitamente a beligerância em Pernambuco como até admitiu a possibilidade
de mandar uma força naval par a costa do Brasil, com a finalidade de proteger o
seu comércio. (3)
Os rumores de que os Estados Unidos ajudariam a revolução em Pernambuco difundiram-se então de tal forma, que o Conde dos Arcos, governador da Bahia e encarregado da repressão, teve de emitir comunicado, para assegurar, sob "palavra de honra, que os Estados Unidos (...) com certeza absoluta não enviariam soldados seus para facilitar crimes horrorosos". (4) Com efeito, os Estados Unidos nada fizeram. O intento de estabelecer uma república em Pernambuco foi sufocado, e o padre Francisco Muniz Tavares, participante do movimento e seu historiador, comentou: "O espírito de esta nação é tão mercantil. E mercadores são avarentos". (5) Segundo, depois, observou, o governo dos Estados Unidos saudaria "os oprimidos que esmagarão os opressores, porque tem certeza de que mais ganhará no comércio". Mas, se os oprimidos não mostram coragem alguma, o governo dos EUA, sim, partiriam a caminho das outras nações.
"O temor do comprometimento logo os tornará surdos e nem alguma ajuda oferecerão" - acrescentou o padre Muniz Tavares. (6) O próprio Antonio Gonçalves da Cruz, que desde a insurreição de 1817 vivia nos EUA, escreveu, em 1823, a José Bonifácio de Andrada e Silva, Ministro do Interior e Estrangeiros no 1º gabinete organizado pelo imperador Dom Pedro I, que o comércio e a indústria eram os recursos do país, e não é de estranhar
Os rumores de que os Estados Unidos ajudariam a revolução em Pernambuco difundiram-se então de tal forma, que o Conde dos Arcos, governador da Bahia e encarregado da repressão, teve de emitir comunicado, para assegurar, sob "palavra de honra, que os Estados Unidos (...) com certeza absoluta não enviariam soldados seus para facilitar crimes horrorosos". (4) Com efeito, os Estados Unidos nada fizeram. O intento de estabelecer uma república em Pernambuco foi sufocado, e o padre Francisco Muniz Tavares, participante do movimento e seu historiador, comentou: "O espírito de esta nação é tão mercantil. E mercadores são avarentos". (5) Segundo, depois, observou, o governo dos Estados Unidos saudaria "os oprimidos que esmagarão os opressores, porque tem certeza de que mais ganhará no comércio". Mas, se os oprimidos não mostram coragem alguma, o governo dos EUA, sim, partiriam a caminho das outras nações.
"O temor do comprometimento logo os tornará surdos e nem alguma ajuda oferecerão" - acrescentou o padre Muniz Tavares. (6) O próprio Antonio Gonçalves da Cruz, que desde a insurreição de 1817 vivia nos EUA, escreveu, em 1823, a José Bonifácio de Andrada e Silva, Ministro do Interior e Estrangeiros no 1º gabinete organizado pelo imperador Dom Pedro I, que o comércio e a indústria eram os recursos do país, e não é de estranhar
"se esses americanos
penetram em todas as partes, com a maior perseverança, para granjear o que
atenda às necessidades deles e à sua cobiça; nem deve causar admiração se o
governo deles, seguindo essa propensão nacional, vai continuadamente
especulando nas suas reações estrangeiras, cuja delicadeza serve
frequentemente, como subordinada, ao empenho para burlar". (7)
Luiz Alberto
Moniz Bandeira (redigido em esp.), s/d, La onda digital,
n.702, Uruguai
http://www.laondadigital.uy/archivos/4262 (traduzido
e publicado pelo Pravda - http://port.pravda.ru/cplp/brasil/28-12-2014/37805-eua_brasil-0/)
Nenhum comentário:
Postar um comentário