Em situações de anormalidade, como guerras externas ou internas, o planejamento geral se mostra muito superior ao mecanismo de mercado como sistema de coordenação.
Isso se dá porque, quando a oferta é muito menor do que a demanda normal, em função do esforço de guerra e das destruições que esta acarreta, o mercado produziria imensa inflação e condenaria à fome grande parte da população.
Por isso, em tais situações, mesmo governos liberais controlam os preços e racionam bens de primeira necessidade e outros, o que significa substituir compra e venda em mercados por uma distribuição planejada e igualitária.
Também a alocação de matérias-primas essenciais ao esforço de guerra e à sobrevivência da população é suprimida do mercado, sendo feita por ordens administrativas, ou seja, pelo poder político usando critérios políticos.
A quase totalidade dos países que aderiram ao “socialismo real” fizeram-no em situações de penúria, provocadas por guerras. Na maioria deles já vigia algum sistema de planejamento geral para fins bélicos, que os novos governos comunistas adaptaram para o período de reconstrução.
Foram nesses anos iniciais que as economias planejadas tiveram seu melhor desempenho. A desapropriação das antigas classes dominantes e a introdução de educação e saúde públicas ensejaram uma repartição mais igualitária da renda e uma rápida recuperação das indústrias e da produção agrícola.
A maior parte da população pôde voltar a satisfazer suas necessidades básicas e, crescentemente, outras.
[1] Paul Singer e João Machado, Série Socialismo em discussão, ECONOMIA SOCIALISTA, EDITORA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 1a edição: junho de 2000, São Paulo.
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