quinta-feira, 24 de maio de 2012

Os oposicionistas Russos propunham entregar a direção da economia aos sindicatos. (Crítica da visão clássica) [1]

Para superar essa situação, os oposicionistas propõem entregar a direção da economia aos sindicatos.

“Durante sua existência, os sindicatos reuniram bastante experiência e ganharam pessoas com capacidade e talento para a administração técnica e econômica. Ramos inteiros de nossas indústrias bélica, mecânica, metalúrgica etc. são dirigidos por administradores operários”.

É evidente que a capacidade de os sindicalistas assumirem a direção das empresas estava em jogo. Lenin e a maioria do partido confiavam mais nos ex-capitalistas e nos especialistas do que nos sindicalistas.

Mas, além e acima do argumento da capacidade estava, para a Oposição Operária, a questão política. Eles defendiam que o poder nas fábricas fosse exercido pelos operários, elegendo democraticamente os comitês de direção.

“Todos os operários e empregados, não importa em que posição e de que profissão, ocupados nas unidades econômicas, como fábricas, minas [...] dispõem diretamente dos valores que lhes foram confiados e são responsáveis perante os trabalhadores da República por sua conservação e utilização eficiente. Como participantes da organização e da direção das empresas, os operários e empregados ocupados em fábricas, oficinas [...] elegem um órgão para a direção da referida empresa: o comitê operário.”

Eis, em forma sintética e clara, a outra concepção de socialismo. Este se constrói não apenas nem sobretudo pela expropriação dos meios de produção mas por sua entrega efetiva à direção coletiva dos trabalhadores.

Há razões para crer que essa concepção não era inteiramente alheia ao marxismo, contando em determinadas ocasiões com o endosso de Marx e Engels. E até mesmo com o de Lenin.

Em um artigo publicado em seu último ano de vida (1923) ele escreve: “Derrubamos o domínio dos exploradores e muito do que era fantástico, mesmo romântico, mesmo banal nos sonhos dos velhos cooperadores está se tornando agora límpida realidade. Com efeito, uma vez o poder político nas mãos da classe operária, e uma vez que este poder político possui todos os meios de produção, a única tarefa que nos resta é organizar a população em sociedades cooperativas.

Com a maioria da população organizada em cooperativas, o socialismo que no passado era tratado legitimamente com sarcasmo, desprezo e desdém por aqueles que estavam corretamente convencidos de que era necessário travar a luta de classes, a luta pelo poder político etc., atingirá seu objetivo automaticamente”.


[1] Paul Singer e João Machado, Série Socialismo em discussão, ECONOMIA SOCIALISTA, EDITORA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 1a edição: junho de 2000, São Paulo.

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