terça-feira, 22 de maio de 2012

Travou-se então, a partir da primavera de 1918, uma grande discussão na Rússia sobre o socialismo, entre os partidários do planejamento centralizado e os partidários da autogestão. (Crítica da visão clássica) [1]

De acordo com Oskar Anweiler, “Antes que em junho de 1918 toda a indústria fosse nacionalizada, já estava em pleno andamento a socialização das fábricas por atos espontâneos das comissões operárias.

A primeira etapa da Revolução de Outubro pode ser denominada como a época da verdadeira ditadura dos verdadeiros operários da indústria. [...] O poderio dos conselhos de empresas se baseava então [...] na impotência do Estado”.

Como mostra o autor, a autogestão nas empresas inspirou profundo temor a Lenin de que ela seria um empecilho à reorganização da produção e ao aumento da produtividade.

Travou-se então, a partir da primavera de 1918, uma grande discussão na Rússia sobre o socialismo, entre os partidários do planejamento centralizado e os partidários da autogestão.

Tendo a liderança ostensiva de Lenin e de Trotski, os primeiros ganharam a parada. O debate foi importante porque contrapôs duas concepções de socialismo. Lenin sustentou que o socialismo era o sucessor do capitalismo e tinha de utilizar os seus métodos para poder se apoderar das forças produtivas desenvolvidas por ele.

Os seguintes excertos dão uma boa idéia dos argumentos de Lenin: “Se não somos anarquistas, temos de admitir que o Estado, isto é, compulsão, é necessária para a transição do capitalismo ao socialismo”.

[...] Não há, portanto, absolutamente qualquer contradição em princípio entre a democracia soviética (isto é, socialista) e o exercício de poderes ditatoriais por indivíduos.

Quanto à segunda questão referente ao significado dos poderes ditatoriais individuais do ponto de vista das tarefas do momento presente, é preciso dizer que a indústria mecânica em grande escala – que é precisamente a fonte material, a fonte produtiva, a base do socialismo – reclama absoluta e estrita vontade unitária, que dirija os trabalhos conjuntos de milhares e dezenas de milhares de pessoas.


[1] Paul Singer e João Machado, Série Socialismo em discussão, ECONOMIA SOCIALISTA, EDITORA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 1a edição: junho de 2000, São Paulo.

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