Em cada país, o desenvolvimento das relações capitalistas de produção seguiu uma trajetória diferente, mas em todos eles este desenvolvimento se fazia nos interstícios de outras relações de produção − servis, na Europa e no Japão, escravistas, nas Américas, tributárias, na Ásia − que durante todo um período foram as relações dominantes.
As empresas capitalistas competiam nos mercados em que conseguiam penetrar contra mercadorias produzidas por servos, escravos e camponeses explorados tributariamente. Ou, então, por camponeses ou artesãos, produzindo por conta própria.
Esta competição estava longe de ser puramente econômica. Os empreendimentos da classe dominante ou os mercadores que lhe distribuíam os produtos tinham freqüentemente privilégios monopolistas. Nas cidades européias, a produção era dominada por corporações de mestres que praticavam abertamente o monopólio: restringiam a oferta de mercadorias, opondo todo tipo de limitações e exigências ao surgimento de novos mestres, até que esta condição se tornasse hereditária.
Ao mesmo tempo, restringia−se também o número de aprendizes por mestre, para impedir que os mestres existentes pudessem expandir o volume de mercadorias postas à venda. O resultado foi um crescente número de pobres, marginalizados da produção, cuja única opção era trabalhar clandestinamente como assalariados.
"O resultado foi, nos tempos dos Tudor, uma tendência crescente, por parte dos jornaleiros incapazes de pagar as despesas de mestrado, a trabalhar secretamente em águas−furtadas de ruas pouco movimentadas, ou a retirarem−se para os subúrbios, numa tentativa de fugir à jurisdição da guilda: práticas contra as quais as guildas, por sua vez, declararam guerra, tentando ao mesmo tempo ampliar a área de sua jurisdição e aumentar a eficiência das 'buscas' oficiais, por meio das quais as portarias das guildas aplicavam castigo aos transgressores" (Dobb, 1946, p. 85).
Nenhum comentário:
Postar um comentário