A suspensão das importações dos artigos acabados ofereceu ótima oportunidade à substituição dos mesmos por produtos locais. Desenvolveu−se, portanto, uma manufatura inglesa de tecidos de algodão, a partir de matéria−prima importada tanto da Índia como das Antilhas e do Brasil.
O produto era inferior ao original indiano, mas preenchia o vácuo produzido pela cessação do suprimento externo. Como a manufatura de lá, também a de algodão funcionava no sistema doméstico: a produção era realizada, em grande parte, em c o t t a g e s de pequenos agricultores, as mulheres e os filhos cardando e fiando, os homens tecendo.
Os interesses lanígeros também tentaram suprimir a manufatura local de tecidos de algodão, mas nisso fracassaram. Desta vez estavam em jogo os interesses não só de consumidores e comerciantes mas de uma certa massa de produtores.
Em 1735, o parlamento aprovou lei isentando da proibição anterior (de 1721) artigos mistos de linho e de algodão, que eram os produzidos na Inglaterra por insuficiência técnica. Os artigos puros de algodão − que só os hindus sabiam produzir − continuavam proibidos. Esta proibição só seria levantada em 1774, a pedido do grande industrial têxtil Richard Arkwright.
Esta história permite entender por que foi a manufatura algodoeira e não a lanígera o palco da revolução industrial. E que a primeira surgiu como desafio à regulação conservadora dos mercados. "Uma nova indústria sem tradições tinha, em vez de privilégios, todas as vantagens da liberdade.
O fato de não estar presa à tradição e se encontrar fora de regulações que freavam, ou no mínimo dificultavam, o desenvolvimento técnico, tornou−a por assim dizer um campo para invenções e para toda espécie de iniciativas. Assim se preparou terreno favorável à construção da maquinofatura (machine industry)" (Mantoux, 1927, p. 204).
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