segunda-feira, 4 de junho de 2012

As pessoas tinham dinheiro, ganho com seu trabalho, e desejavam comprar pelos preços fixados produtos que, em geral, faltavam nas lojas. (Crítica da visão clássica)[1].

O problema era que a demanda da população estava predeterminada, mas a das empresas, dos investimentos, do comércio externo etc. não. As necessidades prioritárias – da defesa, da produção, da tecnologia etc. – tinham de ser atendidas a qualquer custo.

Se faltasse dinheiro para tanto, os responsáveis pelo plano cuidavam para que os bancos fornecessem o crédito necessário. Isso produzia uma escassez crônica de bens e serviços de consumo, a ponto de muitos dos mais essenciais serem racionados.

Na década de 1980, muitos produtos – alimentos, produtos de limpeza, gasolina, energia elétrica – eram racionados em Cuba, na Polônia, na Romênia, na União Soviética, no Vietnã e na Iugoslávia.

A escassez dos produtos de consumo só não era pior porque a direção do plano garantia insumos e mão-de-obra para as empresas que os produziam e impedia, por medida administrativa, ou seja, por ordem política, que as empresas comprassem bens alocados ao consumo.

Mas, de uma forma geral, a oferta de bens e serviços de consumo era muito menor do que a demanda solvável por eles. As pessoas tinham dinheiro, ganho com seu trabalho, e desejavam comprar pelos preços fixados produtos que, em geral, faltavam nas lojas.

A escassez era agravada pela insuficiência de investimento na distribuição, encarada como atividade improdutiva, numa interpretação equivocada do pensamento de Marx.


[1] Paul Singer e João Machado, Série Socialismo em discussão, ECONOMIA SOCIALISTA, EDITORA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 1a edição: junho de 2000, São Paulo.

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