segunda-feira, 4 de junho de 2012

A escassez atingia também as empresas e os serviços públicos, igualmente prejudicados pela “fome dos investimentos”. (Crítica da visão clássica) [1].

A escassez atingia também as empresas e os serviços públicos, igualmente prejudicados pela “fome dos investimentos”. Em geral, as empresas tinham dificuldade em obter os insumos que o plano lhes destinava.

O dinheiro para pagá-los não era problema, simplesmente não estavam à venda no momento em que se tornavam necessários. O que levava os diretores das empresas a empregar intermediários e pagar propinas para conseguir os fornecimentos.

Para se prevenir contra a escassez, as firmas formavam estoques de insumos e ocultavam sua existência dos superiores para não serem confiscados. Obviamente, isso agravava a escassez.

As famílias faziam a mesma coisa. Tão logo surgia nas lojas algum artigo até então em falta, todos formavam filas e compravam muito mais do que necessitavam, para ter reservas. O resultado era a generalização e o agravamento da escassez. Criou-se o que os economistas chamam de “mercado de vendedor”.

Os vendedores sempre tinham mais clientes do que podiam atender, mas não tinham autorização para aumentar os preços que cobravam. Por isso, tratavam os clientes com indiferença, se não com desprezo, deixando-se bajular e eventualmente corromper para cumprir seu dever de vender.


[1] Paul Singer e João Machado, Série Socialismo em discussão, ECONOMIA SOCIALISTA, EDITORA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 1a edição: junho de 2000, São Paulo.

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