Pode-se dizer que o cooperativismo como desafio prático e pacífico ao capitalismo era uma realidade significativa no fim do século XIX, quando se tratou de criar a Aliança Cooperativa Internacional (ACI).
Na época, estourou um grande debate no meio cooperativista, a respeito da autogestão nas empresas criadas por cooperativas de consumo e de comercialização agrícola, as mais poderosas então.
A maioria dos líderes e teóricos do cooperativismo, que tomaram a iniciativa de formar a ACI, eram partidários das cooperativas de produção autogestionárias e esperavam que as cooperativas de consumo as capitalizassem e lhes comprassem a produção.
Mas os dirigentes das cooperativas de consumo preferiam formar empresas industriais e agrícolas, com mão-de-obra assalariada. Não queriam que os trabalhadores tivessem participação nos lucros e muito menos na gestão das empresas.
Era claro que essa posição estava em contradição com os princípios socialistas do cooperativismo, mas tinha a seu favor o fato de que os próprios trabalhadores daquelas empresas não reivindicavam a autogestão, satisfazendo-se com os direitos sindicais e trabalhistas.
Essa luta terminou com a vitória dos que se opunham à autogestão e representavam o alvorecer de um cooperativismo de negócios, que se tornou muito comum daí em diante.
O mesmo aconteceu com as cooperativas de comercialização agrícola, que se multiplicaram e fortaleceram, formando indústrias de alimentos para defender seus associados dos intermediários privados.
Também nestas indústrias, os trabalhadores eram assalariados. Em muitos casos (inclusive no Brasil), as empresas agroindustriais das cooperativas agrícolas tornaram-se muito fortes economicamente. Possuíam staffs de engenheiros e outros especialistas, e seus dirigentes assumiam a condição de grandes executivos, o que de fato eram.
[1] Paul Singer e João Machado, Série Socialismo em discussão, ECONOMIA SOCIALISTA, EDITORA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 1a edição: junho de 2000, São Paulo.
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