Mas, antes de entrar nessa parte principal do debate, quero ainda fazer um rápido comentário sobre a primeira parte da exposição. Embora esteja de acordo com boa parte dela, eu questionaria algumas coisas.
Em primeiro lugar, acho que é um erro identificar qualquer planejamento centralizado com o planejamento total de todas as decisões da economia, e, em consequência, com um planejamento totalitário.
Ao contrário, creio que é perfeitamente possível imaginar um planejamento centralizado não apenas do ponto de vista de um país, mas do mundo inteiro inclusive, no qual apenas algumas decisões seriam centralizadas. A grande maioria das decisões seriam amplamente descentralizadas.
Algumas questões seriam decididas em âmbito mundial, por exigências de racionalidade e pelo interesse coletivo da humanidade. Por exemplo, questões que envolvem o esgotamento de recursos naturais não renováveis.
Ou a destinação de recursos para a pesquisa científica: não faz nenhum sentido achar que a melhor maneira de fazer pesquisa científica é por meio da concorrência entre vários países.
O progresso da ciência exige mais colaboração internacional, e não a defesa do segredo comercial ou dos direitos de propriedade intelectual, como querem os “pensadores” da Organização Mundial do Comércio (OMC).
O que estou dizendo é que, se é mais racional pensar em várias questões de um ponto de vista mundial, daí não se segue que deveríamos planejar todos osdetalhes da vida econômica em âmbito mundial. Isso seria um completo absurdo.
[1] Paul Singer e João Machado, Série Socialismo em discussão, ECONOMIA SOCIALISTA, EDITORA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 1a edição: junho de 2000, São Paulo.
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