quarta-feira, 13 de junho de 2012

O grande argumento contra a distribuição por mercados é que eles tendem a favorecer os ricos e, no caso dos mercados financeiros, a aumentar os desníveis econômicos. (Crítica da visão clássica) [1].

Não haveria plano geral, do tipo soviético, mas planos particulares de firmas, famílias e governos a serem conciliados em mercados e no plano geral, pelo parlamento econômico.

Mercados são essenciais para possibilitar ao indivíduo o direito de escolha, como trabalhador e como consumidor. O qual implica o direito ao arrependimento e o direito de saída da instituição, cujo exercício teria de ser restrito pelo respeito aos direitos dos demais indivíduos.

Não há vantagem em sistemas de racionamento, isto é, de alocação política de bens e serviços. O que se deveria almejar seria a distribuição gratuita de produtos essenciais, tendo em vista tornar o seu consumo universal, como os serviços de saúde e de ensino.

Mas isso é o oposto do racionamento, que sempre distribui produtos escassos.

O grande argumento contra a distribuição por mercados é que eles tendem a favorecer os ricos e, no caso dos mercados financeiros, a aumentar os desníveis econômicos.

Ora, uma economia socialista não pode tolerar a existência de pobres. Qualquer cidadão teria de ter acesso pleno à satisfação de suas necessidades básicas, mediante a criação de uma renda cidadã suficiente.

A partir desse ponto, a persistência ou não de desigualdade econômica deveria ser deixada ao parlamento econômico, dependendo da noção de justiça da maioria dos cidadãos nele representados.

Há um argumento de peso, no entanto, de que alguma desigualdade econômica deve ser permitida exatamente para garantir aos indivíduos o direito de escolha entre diferentes estilos de vida. A igualdade econômica geral tornaria esse direito quase inexistente.


[1] Paul Singer e João Machado, Série Socialismo em discussão, ECONOMIA SOCIALISTA, EDITORA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 1a edição: junho de 2000, São Paulo.

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