E, no que se refere diretamente ao desenvolvimento de novas forças produtivas, o desempenho do “socialismo real” em comparação com os países capitalistas não chegou sequer a ser sofrível.
Kornai apresenta uma compilação de 50 importantes inovações tecnológicas realizadas entre a Segunda Guerra Mundial e 1983. Nada menos de 38 foram inventadas nos Estados Unidos, apenas quatro na União Soviética e uma na Romênia. As demais em outros países capitalistas.
São inovações na produção civil, boa parte derivada de invenções no campo militar. Nesse período, a União Soviética investiu muito em atividades de pesquisa e desenvolvimento e alcançou certa paridade com os Estados Unidos na corrida armamentista, inclusive na competição tecnológica militar.
Mas, enquanto os Estados Unidos conseguiam, a partir dos avanços na área militar, gerar grande número de inovações civis, as economias centralmente planejadas se mostravam estéreis a esse respeito.
As causas dessa esterilidade estão no próprio planejamento e não apenas em sua implementação burocratizada. A aplicação de inovações desorganiza parte da economia, à medida que processos ou produtos novos substituem os até então em uso.
No capitalismo, mecanismos de mercado asseguram a aplicação de inovações e distribuem ao acaso os efeitos da “destruição criadora”: regiões prósperas tornam-se decadentes, milhares de trabalhadores ficam desempregados, firmas antigas quebram, categorias profissionais inteiras perdem sua qualificação, que deixa de ter utilidade.
A destruição criadora é um dos pontos fracos do capitalismo, que se mostra pouco inclinado a prever ou compensar as perdas impostas. Mas, por outro lado, as forças produtivas se renovam sem cessar, impulsionando o crescimento da produtividade e revolucionando o padrão de vida.
[1] Paul Singer e João Machado, Série Socialismo em discussão, ECONOMIA SOCIALISTA, EDITORA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 1a edição: junho de 2000, São Paulo.
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