terça-feira, 5 de junho de 2012

No capitalismo uma parte da população não tem emprego e outra ganha menos do que precisa para satisfazer suas necessidades básicas. (Crítica da visão clássica) [1].

Do ponto de vista de seus resultados sociais e econômicos, o planejamento social era bem diferente do capitalismo. Neste, uma parte da população não tem emprego e outra ganha menos do que precisa para satisfazer suas necessidades básicas.

Nos países semidesenvolvidos, como o Brasil, os excluídos e os pobres provavelmente constituem quase a metade da população. Mas a outra metade, que tem renda suficiente e mais do que suficiente, não tem qualquer dificuldade para comprar.

Os mercados de consumo são geralmente “de comprador”: há mais oferta do que demanda, os vendedores se esforçam para agradar os clientes, inundam-nos de propaganda e tentam seduzi-los com sorteios, ofertas, descontos etc.

Nas economias centralmente planejadas, só a elite estatal e partidária escapa da penúria, porque tem acesso privilegiado a bens e serviços por medida administrativa: lojas exclusivas, hotéis de veraneio exclusivos, carros oficiais, moradias oficiais.

Todos os outros estão sujeitos ao comércio estatal, em que faltam muitos produtos e é preciso estar alerta o tempo todo para saber onde está se formando alguma fila para pegar um lugar nela e comprar o que quer que esteja sendo ofertado antes que acabe.

As pessoas, segundo Kornai, são forçadas a se ajustar, gastando o seu dinheiro com o que conseguem comprar, mesmo que esteja longe de ser o que prefeririam. Isso produziu imensa frustração, sobretudo nas camadas que, nos países capitalistas, seriam de classe média e neles usufruiriam um padrão de vida confortável. Convém lembrar que os formadores de opinião faziam parte dessas camadas.


[1] Paul Singer e João Machado, Série Socialismo em discussão, ECONOMIA SOCIALISTA, EDITORA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 1a edição: junho de 2000, São Paulo.

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