Acho bastante curiosa a defesa de um parlamento econômico para tentar compatibilizar ao máximo os planos das empresas e os interesses dos trabalhadores, para diminuir a anarquia e o desperdício próprios do mercado capitalista, combinada com a avaliação de que, de qualquer maneira, a decisão final dos investimentos deve ficar com o mercado financeiro, porque é preciso preservar a possibilidade de que a iniciativa de algum jovem com alguma idéia maluca, mas que pode dar certo, seja apoiada por alguém e possa ser levada à prática.
Acho que a preocupação de preservar as chances dos jovens com idéias malucas de poderem tentar pô-las em prática é correta, mas não acho que a melhor maneira de garantir isso possa ser manter o mercado financeiro. Dessa forma daríamos um crédito ao mercado financeiro que ele não merece.
Acho mais razoável, por exemplo, pensar que podemos, uma vez que cheguemos a algum tipo de organização geral da economia de caráter socialista, a algum tipo de planejamento centralizado, garantir que haja um fundo para inovações; ou mais precisamente um fundo para projetos loucos, digamos assim para enfatizar.
Que tenha uma forma de gestão que não seja tradicional, conservadora. Pode ser dirigido por gente bem jovem, para não sofrer muitas influências dos hábitos do passado, e tomar decisões em função de critérios nada tradicionais.
[1] Paul Singer e João Machado, Série Socialismo em discussão, ECONOMIA SOCIALISTA, EDITORA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 1a edição: junho de 2000, São Paulo.
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