quarta-feira, 11 de julho de 2012

O capitalismo é capaz de hegemonizar várias formas de produção (Arlindo Chinaglia). [1]

O capitalismo é capaz de hegemonizar várias formas de produção, inclusive aquelas que Paul Singer caracterizou como não capitalistas, exatamente porque elas não ferem, não atingem e não disputam o grande poder que está concentrado no sistema financeiro hoje, nas chamadas empresas do conhecimento, de alta tecnologia, e nas grandes empresas de maneira geral.

Sempre tive como absolutamente natural que essas pequenas produções, de fato, nunca incomodaram, e portanto podem vicejar.

Entretanto, em outras épocas se debatia o que seriam os setores estratégicos. Por exemplo, sempre se defendeu a estatização do comércio exterior, a estatização do sistema financeiro e, evidentemente, o planejamento dos grandes rumos econômicos.

Sinceramente, não consigo vislumbrar qualquer possibilidade de crescimento num grau que de fato faça jus a uma estratégia socialista, daquilo que você definiu como “implante socialista” e com o que o João Machado concordou.

É muito generoso de nossa parte caracterizar como “implante socialista” experiências como o Orçamento Participativo, mas é um risco gravíssimo, pois tende à mistificação. Porque discutir 1% ou 2 % de todos os recursos do município ou do estado, quando a maior parte está comprometida com o pagamento de juros de dívidas? Eu temo exatamente o contrário. Que isso acabe virando senso comum e que o pratiquemos com tal desenvoltura que cheguemos a acreditar que é algo naturalmente revolucionário.


[1] Paul Singer e João Machado, Série Socialismo em discussão, ECONOMIA SOCIALISTA, EDITORA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 1a edição: junho de 2000, São Paulo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário