Em decorrência dessa dificuldade, os economistas neoclássicos fazem algumas propostas engraçadas: por exemplo, para tratar o problema da poluição no espírito neoclássico, deve-se atribuir um preço ao direito de poluir. Assim, uma empresa poluidora poderia emporcalhar um rio pagando determinada quantia; para emporcalhar o mar o preço seria muito maior etc.
A idéia é trazer o que por sua natureza não pode ser objeto de transações mercantis para dentro do mercado, eliminar as “externalidades” “internalizando-as”. Idealmente, do ponto de vista neoclássico, algo semelhante deveria ser feito com os bens públicos — com o que, é claro, deixariam de ser públicos.
Tudo teria seu preço, nada seria de graça, tudo seria comprável (e, portanto, vendável): eis o ideal neoclássico, que expressa justamente a “racionalidade” do mercado.
[1] Paul Singer e João Machado, Série Socialismo em discussão, ECONOMIA SOCIALISTA, EDITORA FUNDAÇÃO PERSEU ABRAMO, 1a edição: junho de 2000, São Paulo.
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